Tuesday 11 May 2010

LYON

Todos já ouviram falar em Lyon, mas poucos efetivamente a visitaram.
Poucas cidades rivalizam com ela em beleza e complexidade de situação. Fica na larga confluência de dois rios, plena de morros cobertos de casas e edifícios em quentes e sensuais tons ocres ou rosados. O relevo é tão semelhante ao de Praga que muitas cenas do filme A Insustentável Leveza do Ser foram filmadas aqui! Porém, ao contrário de Praga, faltam aqui os grandes monumentos. Lyon nunca foi capital ou sede de poder. Sequer hoje é capital provincial – a capital da Borgonha é Dijon.
Lyon desenvolveu-se desde o Renascimento, primeiramente como entreposto comercial entre a Itália e a França, posteriormente como pólo industrial de tecelagem.
Quando se olha os edifícios mais antigos da cidade, sem exceção o pé direito de todos os andares será mais alto do que o normal. Por quê? Para caber um tear. Os tecelões habitavam e trabalhavam no mesmo prédio.
A feição urbana mais característica da cidade são as passagens interiores comunicando edifícios, aqui chamadas traboules, do latim trans(através) e ambulare(caminhar). São centenas delas, invisíveis da rua, porém preenchendo praticamente cada interior de quadra da cidade. É como um mundo paralelo, ao qual só se tem acesso ao entrar nos edifícios.
Destinam-se originalmente e comunicar de
forma mais rápida e prática dois pontos em rua diferentes, em geral pararelas, sem ter que se passar pela rua propriamente dita. Algumas traboules são mais conhecidas – ou mais turísticas – do que outras. Algumas localizam-se tão altas no morro, tão distantes do Centro, que só mesmo os lyonnais natos as conhecem. Os estilos misturam-se: renascentista, barroco, rococó, neoclássico, moderno. O objetivo básico permanece: eficiência na circulação.
Além das traboules, de Lyon deve-se falar da culinária, tida como a mais típica da França. Os pratos tradicionais são gordos e pesados, com base de carnes bovinas, suínas ou aves. Especialidades como miolos e coisas afins, muitas das quais requereriam uma aula de anatomia animal para se entender. A maioria tão bem feitas que nem se desconfia o que é...
Os restaurantes populares tradicionais chamam-se bouchons. Nos mais típicos, o patrão atende e a patroa cozinha. O patrão recebe, senta os clientes e, dependendo de seu humor, oferece um cálice de vinho da casa, sentando-se à mesa para dizer o que a patroa está cozinhando no dia.
Orgasmo total: no dia em que fomos a um bouchon com nossos amigos, o patrão oferecia uma visita guiada da traboule adjacente ao restaurante.

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