Thursday 5 November 2009

ROTERDÃ 1

Costumo exercitar minha crueldade quando fotografo algo de que discordo. Principalmente em termos de arquitetura, que afinal é minha especialidade.
Em Roterdã, nada mais fácil. Sequer preciso fazer esforço: todos os ângulos só mostram o desastre urbano em seu mais alto grau. A cidade na verdade não foi destruída pelos alemães no início da 2ª Grande Guerra, e sim pelos próprios arquitetos holandeses em sua reconstrução. Cada um chegou aqui com uma idéia “melhor” do que a outra, o que havia de mais moderno em tendências, e o resultado é uma das piores cidades do planeta.
Não estou falando na catástrofe mais comum e óbvia, que são as metrópoles dos países pobres, mas de algo bem mais sutil: a falta de coerência na política de ocupação do solo, um planejamento urbano desnecessariamente comprometido com a especulação, um fracasso total no estabelecimento de diretrizes para o crescimento da cidade.
Basicamente, em Roterdã a gente simplesmente se sente mal, sem saber dizer por quê. Ao se andar pela cidade, tentando diagnosticar o que houve, não se encontram marcos históricos; tudo grita por atenção; nada oferece consolo ao citadino. Tudo isso dentro de uma certa opulência - fruto do bem-estar social do país -, de uma certa organização, oferecendo uma qualidade de vida da qual não se pode reclamar.
Menos mal que não foi Amsterdam que elegeram para estragar...

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