Tuesday 3 November 2009

WULKANIZACJA

Eis uma das primeiras palavras polonesas que lí pelas estradas e entendí completamente, sem imaginar que um dia precisaria de uma.
Ora, dirijo pela Europa há 20 anos e nunca me aconteceu absolutamente nada. Entretanto, em nossas duas michas semanas na Polônia (sabidamente o inferno automobilístico do continente), sucedem-se dois eventos bastante desagradáveis...
Episódio I
Em uma estradinha secundária, daquelas em que a gente reduz a velocidade porque está passando dentro do vilarejo, ví um pouco a nossa frente, sobre a calçada do mesmo lado, um velho bicicleteando. Poucos segundos depois, o desgraçado cai da bicicleta, estatelando-se no asfalto da pista, uns 5 metros à frente de nosso carro. Freio imediatamente.
Sou um pouco vivido no assunto para poder não ter pensamentos colaterais. Em uma fração de segundo, penso com meus botões, “Não vá passar alguém, ver o velho esparramado no chão, atrás um carro estrangeiro, e imediatamente concluir que temos algo a ver com isso!”
Vejo que o velho ainda se mexe, quando lentamente Damian indaga, “Deveríamos ir ver se ele está bem?” (sem sequer suspeitar de meus pensamentos). “Sim, vai”, respondo.
O cacareco levantava-se aos poucos, como bom machão eslavo declinando auxílio, e dizendo – em polonês cristalino – que estava bem. Damian segue solicitamente tentando ajudá-lo, até ele decidir-se a partir, a pé empurrando a bicicleta.
Antes que alguém venha interferir, partimos nós também.

Posteriormente, verifico com uma amiga polonesa – ex-colega nova-iorquina – que efetivamente praticam no país “esquemas” para tirar dinheiro de turistas, simulando acidentes. Parece felizmente não ter sido o nosso caso...

Episódio II
Cenário: uma estradinha mi-se-rá-vel, com a polonesada dirigindo tão mal quanto só eles sabem fazer: com imprudência, mau julgamento e decisões precipitadas; em carros que variam da Mercedes tilintando até praticamente carroças puxadas por burros.
Obviamente - como todos os outros motoristas - a certo ponto enervo-me e resolvo passar um “barbeiríssimo” pelo acostamento, enquanto ele aguarda horas para dobrar à direita. O lado esquerdo de nosso carro cai num buraco, sendo só questão de alguns quilômetros para um pneu murchar. Lá vamos nós trocá-lo, coisa que eu nem lembrava que sabia fazer (de última feita, no trecho Chuí-Punta del Este em 1988...).
Troca de pneu seguida em Poznan, próxima cidade onde pernoitamos, por uma visita de manhã cedinho à Wulkanizacja mais próxima do hotel (encontrada nas Páginas Amarelas locais). O arigó foi muito eficiente, entendeu mesmo sem as palavras certas a situação, verificou nosso estepe dizendo que chegaríamos tranqüilos em casa com ele (não me perguntem como em certas situações a gente entende tudo...), declarando nosso pneu danificado como perdido (com um rasgão de 5cm), e vendendo-nos um novo estepe.

2 comments:

  1. Querido Guilherme
    eu sou a primeira e *entrar* e deixar um recado no teu blog. Portanto você vai perder a tua virgindade comigo !! hehehehe
    Eu adoro os teus relatos. Adoro a sua inteligência, a riqueza dos detalhes, o teu humor, a tua irônia. Vou sempre passar por aqui. Beijos grandes

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  2. Bardzo ciekawie napisane. Liczę na więcej.

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